Diversos investidores têm comentado comigo a preocupação com
o aumento da inadimplência e o seu impacto no setor imobiliário.
Essa preocupação ocorre devido a uma falha na comunicação da
mídia que associa o aumento da inadimplência de diversos meios de pagamentos a
uma alta dos preços dos imóveis. Fazendo uma alusão direta a recente crise
americana e sucessivas crises nos países denominados PIGS.
Mas a nossa situação aqui é tão diferente que eu mal posso
enxergar semelhanças. Mas eu vou focar esse post na inadimplência
imobiliária em relação aos demais tipos de financiamento aqui no Brasil.
Segue abaixo o gráfico de inadimplência de diversos tipos de
financiamento.
Para você comprar um imóvel no Brasil é necessária uma
entrada entre 25 e 30% do valor do imóvel e o saldo é financiado através alienação fiduciária. Ou seja, não pagou por 3 meses a prestação, você perde
tudo o que pagou.
Se você financiar um
imóvel de 500 mil R$, será 150 mil de entrada e parcelas mensais de aproximadamente
3,5 mil R$. Se você não pagar 3 parcelas de 3,5 mil R$, o que dá 10,5 mil R$
você perde 150 mil. E não são quaisquer 150 mil. São todos os 150 mil que você
juntou a vida inteira. Por anos a fio. Você deixaria de pagar? Eu acho que não.
E pelos dados da ABECIP 1,3% foi a inadimplência desse tipo de financiamento no
início desse ano.
O volume de recursos é o que difere a inadimplência do financiamento
imobiliário do financiamento de um veículo.
Se você perder o seu carro, você trabalha mais um ou dois anos, anda de
ônibus, consegue dar uma entrada e financiar outro carro. Se você
deixar de pagar o seu apartamento muito provavelmente você tenha que esperar 5
ou 10 anos para poder dar essa entrada novamente.
A inadimplência do setor imobiliário está em 2% (incluindo os financiados por alienação fiduciária e por hipotecas) e para que essa inadimplência venha a aumentar é necessário que ocorram cenários pouco prováveis como desemprego aumentando bastante e renda caindo. E não são essas as projeções nem dos mais pessimistas dos economistas.
Pra ver o relatório da ABECIP inteiro clique aqui.