sexta-feira, 20 de julho de 2012

A Inadimplência no setor imobiliário


Diversos investidores têm comentado comigo a preocupação com o aumento da inadimplência e o seu impacto no setor imobiliário.

Essa preocupação ocorre devido a uma falha na comunicação da mídia que associa o aumento da inadimplência de diversos meios de pagamentos a uma alta dos preços dos imóveis. Fazendo uma alusão direta a recente crise americana e sucessivas crises nos países denominados PIGS.

Mas a nossa situação aqui é tão diferente que eu mal posso enxergar semelhanças. Mas eu vou focar esse post na inadimplência imobiliária em relação aos demais tipos de financiamento aqui no Brasil.

Segue abaixo o gráfico de inadimplência de diversos tipos de financiamento.
Para você comprar um imóvel no Brasil é necessária uma entrada entre 25 e 30% do valor do imóvel e o saldo é financiado através alienação fiduciária. Ou seja, não pagou por 3 meses a prestação, você perde tudo o que pagou.

Se você financiar um imóvel de 500 mil R$, será 150 mil de entrada e parcelas mensais de aproximadamente 3,5 mil R$. Se você não pagar 3 parcelas de 3,5 mil R$, o que dá 10,5 mil R$ você perde 150 mil. E não são quaisquer 150 mil. São todos os 150 mil que você juntou a vida inteira. Por anos a fio. Você deixaria de pagar? Eu acho que não. E pelos dados da ABECIP 1,3% foi a inadimplência desse tipo de financiamento no início desse ano.

O volume de recursos é o que difere a inadimplência do financiamento imobiliário do financiamento de um veículo.  Se você perder o seu carro, você trabalha mais um ou dois anos, anda de ônibus, consegue dar uma entrada e financiar outro carro. Se você deixar de pagar o seu apartamento muito provavelmente você tenha que esperar 5 ou 10 anos para poder dar essa entrada novamente.

A inadimplência do setor imobiliário está em 2% (incluindo os financiados por alienação fiduciária e por hipotecas) e para que essa inadimplência venha a aumentar é necessário que ocorram cenários pouco prováveis como desemprego aumentando bastante e renda caindo. E não são essas as projeções nem dos mais pessimistas dos economistas.

Pra ver o relatório da ABECIP inteiro clique aqui.

10 comentários:

  1. "não pagou por 3 meses a prestação, você perde tudo o que pagou"

    Isso está errado. A lei 9.514/97 prevê leilão do bem imóvel em caso de inadimplemento do fiduciante (devedor). Caso sobre algum valor no término do leilão, ou seja, o valor do imóvel leiloado seja superior ao saldo devedor, juros de mora e outras despesas do leilão, ele é devolvido ao fiduciante (devedor).

    Pode-se dizer que, com a valorização observada nos últimos anos, nos contratos antigos dificilmente você perderia tudo num cenário de inadimplemento... Nos novos contratos, há uma chance maior do devedor perder tudo, mas dar como certo, do jeito que está escrito, está errado.

    Corrige aí! O resto tá bom

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    1. Caro Sr. Anônimo,

      São raros os casos onde o devedor recebe alguma coisa. Para um comprador arrematar o imóvel no leilão ele vai querer um desconto de no mínimo 30% em relação ao preço de mercado. Mais as custas com advogado, juros, mora etc etc. O banco fica com a parte dele e se sobrar, sobra uma mixaria pro devedor.

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  2. Tijolo continua moeda forte.....
    paulo

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  3. Para quem não têm imóvel próprio, melhor o financiamento a ser pago, do que aluguel. Atrasando, haverá sérios problemas: na 1.ª perde-se o que investiu; na 2.ª, o que pagou foi perdido. Em ambos os casos, rua! - e aih?

    Para quem adquire como investimento, faça as contas para não ser atropelado. Como qualquer negócio no mercado, existe o risco a ser considerado.

    Marco Silva

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  4. Desculpe , o anonimo da correcao esta correto .

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  5. Martim, a sigla correta é PIIGS, que são as iniciais dos cinco países europeus mais atingidos pela crise financeira, em inglês: Portugal, Ireland, Italy, Greece, Spain. Saudações!

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  6. Quanto à inadimplência, entendo se refere a um mercado bastante restrito, uma vez que somente uma minoria tem condições de dar uma entrada de 25% a 30% do valor do imóvel e ainda assumir um financiamento com prestações altas. Em qualquer caso, a falta de pagamento não é uma opção do comprador e sim caso de força maior.

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    1. Boa noite Mario,

      Você está correto. A falta de pagamento não é uma opção e sim caso de força maior. Por isso a inadimplência é tão baixa.

      Abraço

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  7. A inadimplência no setor imobiliário é baixa e pode ser observada em todos os seguimentos que compõe a cadeia. Trabalho com administração de imóveis, a inadimplência no pagamento da cota condominial em SP por exemplo não chega a 5%, no Brasil não passa de 7%. A multa pelo não pagamento é de 2%, multa baixa que deveria estimular inadimplência.. o que não aconteceu. De fato há uma preocupação maior do consumidor qdo. o assunto é a preservação do bem maior, seu imóvel (para morar ou trabalhar). No Condomínio Comercial a inadimplência é quase zero. O seguimento Imobiliário continua em excelente momento e continuará próspero, principalmente pelo déficit do País, a corrida para reduzí-lo é continua e será por anos. Vamos comemorar e trabalhar.

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