quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Bolha imobiliária: estamos vivendo uma?


Vou descrever quais são as principais características da formação de uma bolha imobiliária e então o leitor terá condições de concluir se há ou não uma bolha imobiliária no Brasil. E eu vou me referir aqui principalmente à cidade de são Paulo, pois é onde atuam as principais incorporadoras as “vilãs” da alta dos preços dos imóveis. E é onde estas estão elevando o preço dos imóveis a valores muito acima da inflação.

Inicialmente eu gostaria de separar bolha imobiliária de desvalorização imobiliária. Nos EUA nós tivemos uma bolha imobiliária que estourou em 2008, na Grécia nós temos desvalorização imobiliária devido à crise sem precedentes instalada no país. A bolha acontece geralmente acontece por causa de três fatores: crédito irresponsável; alta inflação (quando utilizada como indexadora) e muita especulação.

Em relação ao crédito nos EUA como em diversos outros países que estão sofrendo com o colapso financeiro imobiliário, quem emprestava o recurso não era quem fazia a análise de crédito, muito menos quem vendia o crédito. Lá existia, e ainda existe, muitos intermediários entre quem empresta o recurso e quem efetivamente vende. Aqui, quem empresta é a mesma instituição que analisa o crédito, e quem vende. O Bradesco ou o Itaú analisa a carteira de crédito dele antes de liberar financiamento. Parece besteira, mas aquele papo de quem engorda o boi é olho do dono, aqui é relevante. E tanto o Itaú quanto o Bradesco (BB, CEF etc) tem previsões de aumento de oferta de crédito imobiliário e tem restringido cada vez mais o critério de análise de crédito. Isso só acontece em um cenário, aumento expressivo da demanda.

A Inflação foi o que estourou a bolha dos EUA, pois era a indexadora de diversos contratos de baixa renda. Quando a inflação aumentou os donos dos imóveis ficaram inadimplentes e assim desmoronou o castelo de cartas. Aqui a indexadora de crédito imobiliário é a TR (Taxa referencial). Que nos últimos anos variou entre 1 e 2%. E como é o indexador também da poupança, antigamente em 6% + TR, não existe interesse que esse número aumente.

Os especuladores geralmente são os vilões das crises. Geralmente imaginamos um gordo mafioso com um charuto na mão dando ordens de compra e venda por telefone, gritando com o corretor. Mas não é bem essa a cara do especulador. A não ser que você compre um imóvel com um contrato de locação, você está especulando quando compra um imóvel. Ninguém garante que você vá morar ali para sempre, então você pensa nas qualidades necessárias para ocupar e caso precise vender, por que não?

A especulação nos lançamentos imobiliários aumentou muito nos últimos anos. Geralmente antigamente 30% era vendido para investidores e 70% para potenciais moradores e hoje essa proporção se inverteu. 70% para investidores e 30% para moradores. Isso significa que o mercado vai estourar? Não.
Tenha cuidado quando você ler um número de proporção. Jornalistas adoram brincar com isso. 70% de quanto? Anualmente são lançadas em média 30.000 novas unidades no mercado, contra 3,5 milhões de moradias em São Paulo. Isso significa menos de 1% por ano. E é 70% disso que está na mão dos especuladores de imóveis na planta.

Outro dado relevante é que vários especuladores tem interesse em alugar os imóveis. E hoje são apenas 800 mil residências alugadas em São Paulo. Acho que existe espaço pra alugar esses imóveis.

 Com a análise de crédito dos bancos, o controle do indexador da taxa de juros e a inexpressiva participação dos especuladores no mercado imobiliário eu deixo aqui a minha impressão de que não estamos vivendo uma bolha imobiliária. 

8 comentários:

  1. Martim,

    Concordo que não há bolha imobiliária como nos moldes americanos, porém acho que teremos uma queda bem acentuada nos preços.

    Sou corretor da Lopes há mais de 10 anos, e a situação por lá não está fácil neste ano. Muito do que vendemos foi estoque e foi vendido com MUITO desconto.

    As incorporadoras cortaram os lançamentos deste ano entre 50 e 80%, várias delas estão no vermelho.

    Por um lado acho bom, pois o mercado vai voltar ao normal, vou tirar umas férias de 5 anos :-)

    Quem comprou e já vendeu, ganhou. Quem comprou no último ano ou está pensando em comprar agora pra investir, vai cair do cavalo.

    Abraços!
    Nobre

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    1. Nobre,
      Trabalho no mercado imobiliario dos USA ha 20 anos. Vejo muitas semelhancas entre o que aconteceu aqui e o que esta se passando no Brasil. Concordo que os bancos tem criterios mais rigidos para liberar os emprestimos ai no Brasil, mas essa alta exagerada dos precos e o credito escancarado me preocupam. Tem o fator cultural tambem. O brasileiro nao esta acostumado a dever. Sempre comprou tudo a vista, ao contrario do americano. Os papeis estao se invertendo agora. Aqui nos USA, a poupanca cresceu nos ultimos anos. Os ultimos dados de inadimplencia no Brasil sao preocupantes. A maior parte das pessoas que deve, esta com dividas de cartao de credito, com jutos altissimos. Outro fator importante e' o perfil do comprador de imovel nos ultimos anos. Falando com o pessoal de mercado dai, me dizem que sao usuarios finais, mas sei que o numeros de investidores, querendo "flipar" as unidades quando prontas, 'e muito grande. Os precos devem se ajustar sim, caindo bastante em algumas regioes de SP e talvez menos em outras. Algumas areas como Vila Nova, Itaim, Moema nao devem cair. Aqui em Miami aconteceu o mesmo em algumas regioes. Abracos. Mauricio Pimenta

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  2. Nobre, discordo do seu comentário.
    O mercado, de maneira geral, se retraiu neste ano. Mas vemos um início de retomada no segundo semestre.
    Acho que com o aumento de crédito, alta demanda e e poucos lançamentos, os preços não devem cair de forma acentuada, como merncionado em seu comentário.
    Onde há crédito e demanda, com certeza há a novos negócios.
    Abraços
    Alexandre

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  3. So faço uma pergunta, Onde vai ter tanto brasileiro pra ocupar tanto imovel a ser lançado???
    Norte, sul leste e oeste só vê construção. E vamos gastar....e vamos comprar.... pagar??? ora, daqui 30 anos estará quitado.

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  4. Marcelo,

    Boa noite. Várias pessoas me perguntam isso. Como eu disse nesse post, o mercado coloca menos de 1% de imóveis a mais por ano. Quando você passa na rua e vê um monte de empreendimentos lançados você esquece de notar que naquele bairro existem muitos outros imóveis que estão lá há muito tempo. Eu desafio você a me mandar uma foto, do alto de um edifício, que tenha 10 empreendimentos em construção. Nós não estamos em Dubai.

    Eu moro em Pinheiros e daqui eu consigo ver um ou outro. Meu escritório é em Moema. E de lá eu vejo no máximo dois empreendimentos em construção.

    Um lançamento imobiliário faz muito barulho em um bairro, principalmente na periferia, ou em bairros muito nobres. Isso geralmente causa um alvoroço na população local. Esse alvoroço é de propósito para que as pessoas fiquem sabendo do emprendimento. Mas partir desse alvoroço e dizer que os lançamentos vão estar vazios, é exagero.

    Eu disse que são 30 mil novos apartamentos por ano. Nós temos nas ruas de São Paulo quase 30 mil carros novos por mês emplacados em São Paulo.

    30 mil em São Paulo, pouco importa de que bem estamos falando, é muito pouco para o tamanho da cidade na qual vivemos.

    Atenciosamente,
    Martim Gross




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  5. Concordo com Martin, e tem mais a mercado de lançamento "pode" estafar, mais o de terceiros nunca vai parar, o sonho do ser humano é morar num apto ou uma casa boa ou dos sonhos, vai ter sempre alguém se esforçando para pagar seu financiamento que foi aprovado com muito custo pelos Bancos, e sempre alguém valorizando seu dinheiro que foi ganho com muito suor e sacrifício, entre nós temos muitas pessoas dignas disso, o que me da revolta é que muitos ganham pouco e poucos ganham muito!!!

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  6. A maioria das pessoas que fazem criticas deprecivas são as que gostariam de comprar bons imóveis e não podem.
    Estas pessoas vêem os imóveis sendo vendidos e não concordam com a capacidade dos compradores.
    Não suportam saber que as empresas lucram, só não sabem a que custo, dificuldades e quanto se paga de impostos.
    Não imaginam que os donos dos terrenos mesmo em locais sem infra estrutura estão melhorando de vida pela valorização de áreas antes sem valor e que estes locais receberão melhorias em função da transformação recente.
    Estas pessoas não acompanham outros mercados como de bolsas, o sobe e desce de preços de ações de grandes empresas e que poucas quebram a maioria cresce.
    Só faz criticas quem e incapaz de aproveitar o boom e crescer junto.
    As pessoas que estão se dando bem como os corretores de imóveis, quem comprou e ganhou com a valorização, quem constrói, quem vendeu seus lotes com preços muito acima de há pouco tempo antes, estes não estão preocupados com bolha, crise ou coisa parecida.
    O que acontece sempre é um periodo de acomodação, estabilizar preços e vendas, estes períodos são geralmente de 5 anos.
    Estamos vivendo o período da euforia, não de bolha, só ganha quem compra.
    Esta pessoas e jornalistas são sim os terroristas econômicos, sabem criar espalhar panico elas nuca farão criticas construtivas.
    Uma mentira repetida mil vezes acaba se tornando verdade, ai é mora o perigo.
    Em tempos de realmente crises como as que vivemos, nunca ninguém noticiou que um dia iriamos melhoras, que devíamos acreditar e trabalhar, nunca indicou uma boa idéia de solução, estas pessoas devem só saber ganhar dinheiro com noticias ruins.
    Sádicos, sociopatas ou incompetentes invejosos.

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  7. Convido os colegas do grupo a conhecer a programação da 8a. Conferência de Marketing Imobiliário, que será realizada em São Paulo nos dias 25 e 26 de junho.
    Como diz Ross Bridgeford, “Vá a eventos, encontre pessoas de sucesso, faça networking ao vivo, isso é mais transformador do que muitos estimam…”
    A agenda completa está no site http://bit.ly/11ce2CG

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